-as flores têm cheiro de morte-
Sentiu o sangue nas têmporas, tentava estancar as feridas com a mão e ia manchando de um vermelho vivo as pedras do caminho.
Sentou-se em alguma espécie de monte branco e por um momento teve a sensação de que alguém o observava, olhou para os lados e só o vazio poderia chegar-lhe a vista - Bobagens humanas. Achamos que somos um grande espetáculo. Estou só. - Mergulhou seus pés em uma grande bacia de vinho tinto, agora misturado com seu sangue e foi pingando as veias de pouco em pouco sobre a terra branca.
Isso vai te surpreender eu juro.
Cortou seus peitos, depois fez com que se curassem. Tomou alguns calmantes e deitou no chão. Quis olhar o sol de qualquer forma cego onde os olhos não fossem tão abusivos à visão.
Não entendia o que era ser homem, nem seu corpo de mulher.
Esticou os braços querendo senti-los todos em contato com o mundo e abriu bem o pulmão, como se numa oferenda.
Fechou os olhos e sentiu dentro de si qualquer sanidade suave lhe soprando os ouvidos. - Não quero voltar - Arrancou uma arma do paletó e pousou-a sobre o estômago. Com os dedos arranhou as canelas como se fossem facas. Não sentia dor. Voltou a andar numa automação selvagem.
Deus, eu não acredito em você. E em nada. Em nada eu acredito. Faço as coisas porque assim me mandam.
4 Comments:
At 06 June, 2006, Anonymous said…
me surpreendeu, eu juro.
At 07 June, 2006, Anonymous said…
Eu nao.
At 07 June, 2006, Anonymous said…
Intenso Ju.. muito intenso... como tenho acompanhado de perto o seu movimento entendo perfeitamente o seu texto... um grande beijo...
At 07 June, 2006, Anonymous said…
O pior não é nem achar... e ficar querendo. E na platéia tem lugar marcado...
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