Camelos

``Eu quero me apossar do é da coisa`` Clarice L.

Monday, July 24, 2006

até.

e assim se deu o fim.

Do you really think it is weakness that yields to temptation? I tell you that there are terrible temptations which it requires strength, strength and courage to yield to.

até.

Monday, July 17, 2006

vomitando humanidade.

.
tira esse pau das pernas.
mulheres homens humanos
você nasceu para as idéias.

[nosso gozo]

romeu escrevia.
escrevia compulsivamente. as idéias mais rápidas que o punho.
aquilo irritava-o.
mas não desistia. escrevia. libertava a alma pela orelha.
era um lugar escuro. pessoas dançando, se embebedando. romeu bêbado também achava tudo mágico. aquele ritmo. inspirava. a situação inspirava.
acendeu um cigarro. era o último do maço e fumava como se fuma o último cigarro do maço.
um cinzeiro ao seu lado com todas as cinzas e guimas de todos os cigarros já fumados do maço.
e escrevia.
segurava o cigarro entre o indicador e o dedo do meio. trazia a boca e segurava-o com o polegar e o indicador, uma tentativa de chamar atenção. de encantá-la.
soltava a fumaça pra cima. olhando pra cima. tudo rodava.
fumou aquele cigarro inteiro.
na última tragada. tragou como se fuma a última tragada. a mais deliciosa, a mais preciosa. a última tragada do último cigarro do maço. soltou a fumaça no mesmo movimento. na tentativa de traze-la pra si. enquanto apagava o cigarro amaçando-o no cinzeiro que já transbordava de tanta cinza e guima e álcool e sexo e palavras e sentimentos.
escrevia.
e ela veio.

de beber todas as vodcas. de fumar tdo o teu maço. de querer perfurar tua imagem. de amaçar esses guardanapos. de me rasgar inteiro. só pra ver você dando a última tragada enquanto apaga esse cigarro. depois disso juro que sou teu.

Sunday, July 16, 2006

blacknight

acho que me afundei tanto em mim que qualquer carinho me fragiliza.
quem vai me amar um pouquinho?
vai.
só um cadinho.

Saturday, July 15, 2006

nego pensa que eu sou bacana bacana bacanão

.
vem meu amor.
strawberry fields forever

medámedámedámedá danoninho vai.
to cum agudão dentro de mim.
balacobaco.teco.teco.
balocbaco. tec tec.

olha só.
hm.
casa comigo ta.

vou cuspir pela orelha o coração.
minha sanidade grudei na nuca.
pra você num dô nada.
um wisky ainda cai bem.

mente pra mim não ta.

Friday, July 14, 2006

sexo esquizofrênico.

.
beijo teus lábios de moça.
tua carne de moço.
olhar de bicho pra morder o esquizofrênico dentro de mim.
sexo.
pra mim.
tem que ser.
da cabeça
aos pés.
teus.

Monday, July 10, 2006

Com que pernas você anda?

[muss es sein III]

Chegou à rodoviaria e se aquietou. Não sabia ao certo o que estava fazendo ali, nem o que pretendia fazer, não lhe importava. Sentou em um dos bancos dentro do salão de embarque e acabou adormecendo. Sonhou que suas pernas haviam atrofiado e por isso não conseguia mais andar sozinha, precisava de ajuda, mas não se conformava, apenas lhe pesava a culpa por ter se deixado ficar daquele jeito. Acordou assustada, ainda noite, e pela primeira vez se perguntou o que iria lhe acontecer. Parece que por uma fração de segundos aquela compaixão que antes sentira na rua de sua casa se espantara, se transformara em qualquer coisa fria que não lhe dizia mais respeito. De novo o único sentimento que a tomava era a vontade de fugir, desaparecer, ir embora pra qualquer lugar. Só conseguia pensar em Luiza e mais uma vez no que a amiga havia pensado, o que será que sentia por Anna, o que esperava? Se fez as mesmas perguntas e a única coisa que podia responder é que se sentia bem dentro daqueles braços e sabia que nunca iria perde-los.

Friday, July 07, 2006

A insustentável leveza do ser



















- muss es sein - continuando - para sofia.

Anna saiu correndo descendo a ladeira daonde estava sem saber exatamente que caminho iria tomar, a única coisa que realmente queria era se afastar o máximo daquela casa. Seguiu firme até se deparar com uma ruazinha conhecida onde morava uma amiga. Sem pensar duas vezes, aproximou-se do prédio e tocou o interfone.

Luiza tinha um cabelo curto e cachinhos. Olhes bem profundos e densos. Abraçou o desespero da amiga e beijou seus lábios salgados.

- O que houve?
- Estou indo embora.

Sem perguntar mais nada Luiza entrou em casa depressa e logo retornou com um livro nas mãos.

- Leva.

Alguns minutos mais tarde, num ônibus qualquer, Anna se perguntava se a amiga havia entendido o que ela havia dito. Disse que ia embora. Como assim? Nem ela mesmo compreendia. Agarrou o livro sobre o peito e fechou os olhos. Não tinha medo.