Camelos

``Eu quero me apossar do é da coisa`` Clarice L.

Wednesday, May 31, 2006

preciso parir

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nasci num desses bercinhos cheirosos.
bochechas gordas
e bundas gordas.
ensinaram-me a decência
a beleza
e a vida.
impuseram-me a ordem
o sucesso
e a cadência.
crucificaram-me no tempo.

-irrelevância.

nem por isso.
sou cheirosinha.
tenho bundinha
ou bochechinha
(fofinha.)
nem por isso.
sou todo tempo bela
ou
decentemente
vivo.

nem por isso devo qualquer outra coisa
que nao seja ao mundo.
pai por ter me parido

nasci.
e devo.

Fico então,
angústia seca,
pronta para partir
e não posso.
antes disso me prendo,
afinal, o que é que ele
vai levar de mim?

Tuesday, May 30, 2006

-inspiração-



Tenho de fazer do meu gozo uma arte, quando é a aspiração para ele que me move. E depois que me castrarem as pernas e me impedirem o gozo, que farei eu, sem arte para mover?

Monday, May 29, 2006

Miss. Scarecrow.

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eu tenho medo dessas pessoas que são iguais a mim. ferem e trepam como se fossem rosas e cavalos.
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talvez seja essa a necessidade de ser mãe - fazer alguém melhor que você.

Sunday, May 28, 2006

honestidade [...]


Através de minhas letras miudinhas e minha cara-lavada venho com todo o amor que não tenho pedir-lhe em casamento. Vamos ter nosso larzinho social, nossos sub-produtozinhos, um com meu cabelo outro com o seu, um bichinho de estimação e psicólogos, afinal, ninguém é de ferro.

Faremos almoços mediocrezinhos aos domingos e no meu aniversário mande fazer bolo de cenoura, é o que eu mais gosto. Seremos um bom casal perfeito, sexo não importa tanto, desde que mantenhamos as aparências e que você faça palavra-cruzada comigo quando envelhecermos.

Que tal? Fingiremos que somos felizes para sempre, na saúde e na doença, até que a morte nos separe! Juro ser digno de meus chifres.

-sem créditos-

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depois desta, não me terás mais com a mesma fome nem com a mesma vivacidade de dias atrás. tive a infeliz idéia de te amar e achar que poderia viver contigo algo fora do tempo, suspenso na culpa e na realidade. ingenuidades a parte, aprendi a amar as pessoas pelo que elas são agora e não pelo que poderiam ser. em nenhum momento quis algo além do posto em que me foi dado e muito menos do respeito qual me ensinaram. nenhuma momento fui te coagir ou pedir qualquer coisa. do contrário foi teu grito que chegou a mim, como um pedido de socorro. mas se continua do mesmo jeito, sem querer ajudar a ti própria como o farei eu em teu lugar? desculpe. a partir daqui me terás de novo, assim, imagem distante que era, e por favor, não me venha mais uma vez espetar.

Saturday, May 27, 2006

último romance.

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[take another little peace of my heart]

o meu instinto módico para a monogamia.
depois dessa eu começo a fumar.

Friday, May 26, 2006

romance

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e uma boca


que sabe calar.

Minha boa moça.

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Eram olhos intensos e inteligentes, tinha medo deles. Sabia a força que emanariam sobre ela, o risco que correria a qualquer momento se caso sucumbisse. Não era a imensa ousadia que lhes permitiam encará-la tão insistentemente, nem a paixão, nem a juventude neles presente que a fazia retê-los e temê-los tanto. Na verdade o perigo não eram eles em si e sim o que poderiam lhe causar. Qual sentimento proibido despertariam e qual o risco de deparar-se, de repente, consigo mesma? Não queria. Estava bem assim, para que isso agora? Para que desconstruir uma vida já feita e se submeter as inconseqüências do caminho?

Desviou o pensamento e seguiu firme, quase determinada, se quer permitiu-se olhar para trás.


Do outro lado, dois olhos agora murchos. Era uma dor estranha, uma nova sensação. Em toda a sua vida nunca se deparara com algo semelhante, não conseguia compreender a cadência humana. Saiu correndo receando não chorar e se entregou inevitável mais uma vez à multidão.

seu nome em mim.

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No seu rosto a impetuosa expressão de quem é jovem e bela, a inspiração para o amor, ou a fome de vida saltavam-lhe os olhos. Era um andar provocante, quase ao ponto da impertinência. Logo depois se engolia na vida e virava uma alma apressada revesando entre aquelas para se enquadrar na anestesia do mundo. Desviava o olhar, lembrava-se de casa, e de novo, se moldava a uma imagem de boa moça social.

Foi assim, que de pouco em pouco, ela se corrompeu pelo tempo.

Wednesday, May 24, 2006

talentos.

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quem pira é pirarucu.
eu não.

já nasci louca.

casa de saúde são josé

fui ver a casa em que nasci.
depois pensei não ter nascido.
depois talvez não visse casa.
depois.

parei pelo caminho.

me esqueci.

im........ II

amputei meus braços, castrei minhas pernas, fechei meus olhos, traí meu corpo. adestrei minha mente, tranquei minh'alma, ataquei meu pulso, selei teu rosto.



lágrima que não veio.




eu
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implodi.

im...

em mim, semblante-tragédia, profundo, maciço.
nela, pura cor, emoção, ternura, explosivo.
entre nós, sexo implícito que nunca existiu.

Tuesday, May 23, 2006

brasa

Meus olhos no caminho - nem fundos, nem ânsia - dois olhos - profundos e mansos, distraindo a mente e assim mesmo, atentos, estratégicos, prontos e postos pra te receber, você e tuas cores, vivas - sempre.

Não fui pra esperar demais, nem quis. Era eu trazendo uma lógica antiga e feridas no bolso, dias alcoólicos e muito bem psicologia. Tempo pelo tempo, soubemos preparar a razão para a vida.

Não sei se chovia. Não lembro do frio. No meio, pedaço de mim. No fim, tristeza na cara, reflexo sempre de um instinto esquecido.

Sexo e boca pulsando, eu já sabia: hoje, ninguém vai agir.

brasa de fogo pra mim.

perto do fogo III

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ah não, pra que me olhar? descobrir em mim sexo ardendo. saltar do meu corpo pra te devorar. como um dragão. fogo. pra te devorar.


porraaaaaaaa...!

Monday, May 22, 2006

perto do fogo II

te devorei com os olhos.

agora preciso te devorar com a boca.

de-vo-rar.

perto do fogo.

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leio-te vezes repetidas e fica se ecoando o mundo em mim.
frio na nuca - emoção pra por em dia.

digo eu, cada dia, cada nuca, cada eco, pra me trazer um novo mundo:
intervem o coração e passo a ler tudo que quero.
intervem a vida e estou pronta pra desconstruir fantasias.

fico eu, dum corpo quebrado, alma que entorpece,
não sou e não serei símbolo de continuidade nenhuma.
não tenho filhos, nem livros.
não terei.

serão para sempre guardanapos descartáveis
e de memórias, igualmente, descartáveis.

Aguento um amor para dar.

enquanto isso
sou
eu,
ser
que evapora
nem pó, nem carvão

pra me sobrar.

Sunday, May 21, 2006

e a pele que visto já não quero mais.

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minhas mãos pequenas
- sexo pela madrugada.
paixão pra sufocar,
desesperar.

por um segundo quis ser mãe
mentira,
nasci sem berço -
dois olhos negros.:

posso cantar
abençoada
por um fígado deslocado.
meus tinpanos por aí,
mastigando o perigo.


eu quis dizer,

o perigo,

em mim,

é você.

Saturday, May 20, 2006

pura ressaca.

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as extremidades do corpo doem
meus olhos sem grau se estranham
a vida estremece em mim
e a vodca
de ontem
adicta.

a mente pesa ou é a cabeça
lembro das aulas de biologia
encéfalo torturado
pobrezinhi, confunde
mesas e portas
cai sofrendo no chão
engole os goles dágua
pra tomar.

o pulso?

aberto.

Thursday, May 18, 2006

'e levo a impressão de que já vou tarde.'

seu olhar pousou sobre a mesa, tralhas demais. olhos secos e uma dor de cabeçã pós-desidratação-natural. a música ela inventava. silêncio do absurdo - agonia. tropeçou com a mente pelo quarto e sentiu os efeitos leves da sanidade. lentidão. profundidade.

- eu vou pirar, ai meu bem, eu vou pirar, e tudo para salvar o mundo.

esquizofrenia era o dado. compulsão e bipolaridade. cheiro de médico - não agrada - arrancou as roupas e quis sentir o frio, pele, pelos, corpo, anestesia geral. plantou-se na imagem de um esqueleto limpo e bem tratado - pouco tempo - logo ressucitou com o relógio anunciando as duas pilulas, - não daquela vez. abriu as capsulas: pó de mofo para o cérebro. enfileirou grão por grão, se curvou sobre a mesa e devorou a tragédia.

droga alternativa.

- agora na veia, traga-me sexo por favor.

Friday, May 12, 2006

she will be loved

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meus olhos pesados
feições autistas
enquanto os sentidos
todos se enchem de
música e viajam
por aí.

esse ônibus vai bater
e eu vou morrer
na trilha.

Tuesday, May 09, 2006

desvirtuando.

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mais sexo.
menos civilização.

Sunday, May 07, 2006

-como é você não estar aqui

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como é procurar
tuas mãos no vazio, entrelaçar nas minhas
voz no silencio, teu canto, teu violão
cachinhos macios, fogueira ardendo, pulso quente.
teus olhos, olhares, mistério
risada, teu sorriso, caninos brancos.

como é sentir frio e não ter razão para suportá-lo
chorar e na verdade conter o choro,
estar dante de teu sangue e não ser própriamente teu,

fico para me lembrar, trancar-me na impotencia.

como é procurar teu fantasma inútilmente em todos os rostos, bocas,
e você não está aqui.

como é.

ponto branco.
espaço branco.
folha branca.

angústia_________branca.

você.

renata.

Monday, May 01, 2006

enquanto meu estômago vira um liquidificador

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fui digerindo em pequenos pedaços conforme iam se computando informações. eu ali, quadrada. celular, computador, ar condicionado e a porta - fechada sempre.

a mãe gritando, conforme o médico soube fazer o diagnóstico - ela tem pânico, não pode esquecer o remédio; o padrasto tentando ser um homem adulto e sensato - o passado condena benzinho - a consciência sempre vem; a irmã, aquela fedelha mimada - o que está acontecendo? deixa eu dormir com você? - vem para minhas asas, meu amor, fiquei até com pena agora.

- a minha professora disse que beber faz mal - a sua professora ta certa - então porque você bebe ju? - pra fazer mal, não fala assim com a sua irmã - ju, seu óculos quebrou? - quebrou - por que? - porque a realidade é tosca, vamos, meu bem, tenta dormir.

- julia qual é o seu problema minha filha? - ela parou de gritar - que cara é essa? vamos, saia desse quarto - não é nada mãe - você ta tomando seus remédios? sabe, eles podem deprimir um pouco.

Uma menina tão educada - ninguém nunca pensou que... - bem, é uma lástima - oh, não, o avô não sabe - nem deve saber! - deixa ele pensar que a menina é um gênio - coitado - bem que eu avisei - pois é - fica dando liberdade assim demais - é o que acontece - mas o que houve? - ela se meteu nas drogas? - antes fosse - é lésbica.

Você já pensou em suicidio? - quem não pensou? - você tem uma boa memória? - dá pro gasto - desde quando você não come carne? - um ano - e drogas? fuma cigarro? bebe? - bebo - costuma dirigir álcoolizada? - não dirijo - sexo, você é virgem? - não, sou de áquario, hahaha, desculpe - tem uma boa vida sexual? e a saúde, é saudável? - tenho, sou - remédios, você toma algum? pra quê? - tomo, concentração - e o amor, você acredita no amor? - hein?