Camelos

``Eu quero me apossar do é da coisa`` Clarice L.

Sunday, April 30, 2006

dezessete.

Ah vai, qual a graça, quando eu tiver os meus 17 anos e estiver morrendo, vou tomar um porre desses pra estourar o nervo, vou jogar a telefonia e a computação na privada. Vou dar um grito desses de vamos pra vida, sangue impuro, eclipse oculto do meu ser. Eu tenho esse problema - mamãe, eu sou uma pessoa anormal? - fiz um eletroncefalograma, é assim que se fala? - mamãe, me mata? - quando eu estiver de veias bem abertas pra você, me pergunte quantas horas do dia eu te amei.

- por que a vida é uma puta, mamãe? - caramujos vazios, a minha menina chegou e eu tenho que seguir o papel, ela não é minha, mas como todas, é.


o mundo está acabando enquanto ela me morde e eu choro de desespero.

me sinto uma idiota.

Saturday, April 29, 2006

sangue etílico.

a humanidade um dia morre.
quem vai querer castrar o amor?
todos somos filhos
de um sangue etílico
quem vai ter pudor
e quem vai ser o rei do mundo.
silencio do meu figado
glicose e água pra me diluir.
o sexo pra me perfurar
me santificar por aí
com seus olhos fundos.


romeu grippi.

Tuesday, April 25, 2006

blazer (h)

- Não vou por o vestido e pronto.
- Mas Julinha, você fica tão bonita de vestido.
- E daí?
- Você não quer ficar bonita?
- De vestido não dá pra brincar.
- Mas é uma festa chique juju, você precisa estar arrumadinha.
- Os meninos não usam vestido.
- Mas eles vão arrumadinhos, o Felipe por exemplo vai de blazer.
- (...)


- Márcia, tem como você trazer mais um blazer pra Julia?

Doutor Piledge.

- O que é um pediatra?
- Médico de criança.
- Eu nunca mais vou ter um pediatra?
- Vai, o doutor Piledge.
- Não! O meu pediatra é o Ricardo!
- Mas ele mora no Rio juju, aqui em São Paulo vai ter que ser outro.
- Não, não, não gosto de outro!
- Tudo bem, é só emprestado tá?
- Tá!

--.

- Não gosto do doutor Piledge.
- Por que?
- Não sei, to com saudades do Ricardo.
- O doutor Piledge também é legal, ele até te dá pirulitos.
- Eu nem gosto daqueles pirulitos e ele é muito velho e acha que eu sou idiota e não conversa comigo.
- Não é isso...
- Lembra da história que o Ricardo contava? Que ele foi fazer um parto e o nome do bebê era Ricardo?
- E que o pai também chamava Ricardo né?
- É! E a enfermeira advinha como chamava?
- Ricarda!
- Não! Era Ricardina! Hahaha, todo mundo pensava que era Ricarda, só eu sabia.
- (...)
- ...
- Tudo bem juju, vamos marcar o médico para um outro dia.

desenhos-coloridos.

- Julinha se você não praticar vai ficar com a letrea feia.
- (...)
- Julinha, por que você não faz desenhos como o das suas amigas?
- Não gosro dos desenhos delas.
- Por quê?
- São muito coloridos.
- Mas não é bonito?
- Não.
- Por quê?
- Porque eu sou diferente.


-------.--

"Isabela, acho que a Júlia está precisando de uma terapia, venha à escola para podermos conversar. Um beijo, Vera, da cordenação."

- O meu Julia não tem acento.
- Ela não sabia juju.
- Tem que saber.
- Acontece juju, ela errou.
- O que é terapia?
- É bom, você vai conversar, desenhar, você vai gostar.
- Por que eu preciso de terapia?
- Pra você se acalmar um pouco, meu amor.
- Tô calma.
- Vamos ju, se você não gostar não precisa continuar tá?

(...)

- E aí, como foi?
- Ela acha que eu sou idiota.
- Por quê?
- Fiquei fazendo dinossaurinhos de massinha o tempo todo.
- E não foi legal?
- Foi, mas isso é coisa de idiota, ela nem perguntou nada da minha vida.
- Mas é assim mesmo, ela só não quer te invadir.
- Já me invadiu.
- Como assim?
- Não quero fazer terapia.

------.--

"Isabela, a Júlia está muito introspectiva ultimamente, estou preocupada, como anda a terapia? Beijos, Vera."

- Errou meu nome de novo.
- Julinha, seja menos exigente minha fillha.
- O que é introspectiva?
- É uma pessoa quieta, não fala muito.
- Então, qual é o meu problema?
- Como assim juju?
- Não era p'reu ficar calma?
- Não é bem assim, ao pé da letra.
- É sim.
- Não é.
- Então qual é o meu problema?
- Não sei, a Vera falou que você está introspectiva.
- Ela não sabe nem meu nome!

jacalé memêlho

.

- Olha lá juju, o jacaré voando!
- Cadê??? Cadê??? Cadê??
- Passou, você não viu.

Era fácil me enganar né, eu não sou capaz, você vai ver, vou ser uma criancinha bem idiota pra você.

- Tia, tia!
- Oi juju.
- Olha lá, ôto jacalé memêlho!
- Cadê?
- Passô, você num viu!

Tenho dois anos. Sou tão idiota quanto você quer.

Disney

- Eu posso falar o palavrão que quiser mamãe? Ninguém vai entender?
- Não julinha, a não ser que tenha algum brasileiro por aqui.
- Mãe, olha lá o lobo mau! Eu quero um autógrafo dele!
- Vai pedir juju!
- Como eu faço?
- É só levar o caderninho e a caneta.

(...)

- E aí juca, que cara é essa?
- Não peguei o autógrafo.
- Por que?
- Não gostei dele, vambora.

- O que houve Márcia?
- Ele pediu pra ela falar a palavrinha mágica.
- E ela?
- Falou "merda" e saiu andando.

Júlio César

- Mas e se eu quiser mudar de nome?
- Por que julinha, você não gosta do seu nome?
- Não mãe... não é isso... eu só queria saeber...
- Quando você tiver uns 16, 17 anos, vai poder...
- Que isso jujuca, quando você tiver essa idade vai querer ser criança!
- Você quer ser criança?
- Não exatamente, mas sinto saudades...
- hm...
- ...
- Sabe mãe...
- Oi...
- Acho que eu não gosto muito do meu nome.
- Meu amor, Julia é um nome tão bonito!
- Não acho.
- Por que?
- Julia não rima com nada, não dá pra ser isabela cara de panela, nem ana cara de banana, nem sofia cara de pia...
- Julia rima com agúlia.
- Ah! Ótimo. Julia cara de agúlia.¬¬
- Minha linda, você sabe quem eram as julias?
- Quem?
- Eram guerreiras.
- Guerreiras ????
- É meu amor, eram do exército do Júlio César.
- Não gosto do Júlio César.
- Elas também não, por isso um dia se revoltaram e se tornaram independentes.
- Quero ser independente!




[eu era herói e ninguém sabia, segredo bom a gente guarda sozinho, deitava na cama e sorria]

O bicho que eu sou e a Santa que eu fui.

O Bicho.
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tomo remédios nem sei porque, meu psiquiatra foi me dizer que tenho problemas de___adaptação_(?) - mãe, vamos a outro médico, por favor - agora estou fazendo exames._psicotéqnicos(?). - mãe, pra quê diabos eu fico desenhando arvorezinhas?

Deus, até choque me deram, acabei escrevendo seu nome com letra maiúscula, mas eu juro que foi sem querer.
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A Santa.

(sou surdo) todo mundo fala da corrupção, mas quem não conhece um cara corrupto? - Eu? eu não.

Coisa ridícula, pensei que família era pura.
- É problema do estado minha filha.
- Vovó, o dólar já ta baixo pra gente viajar?

Cof...Cof...depois a gente discute isso, ainda não cresci o bastante, vamos falar sobre...
- Suicidio!
- Que isso julinha, você pe uma criança!
- O suicidio é um fato social. o que é um fato social mamãe?
- Uma covardia.
- Covardia mãe? Igual, que nem, como, o papai te bate?
- Quase isso filhinha, vá brincar.

brincar de quê? Eu tenho um papel a cumprir! Vou ser um bandidão, é isso mesmo, um bandidão que bate em mulher e se suicida. Vou ser um grande fato social! Você vai ver mamãe, vou ser grande!

ficou faltando.

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eu li um livro e ficou faltando. baque - eu não nasci para grandes choques. eu li um livro, foi o meu amor que ele roubou, noites e noites, roubou meu coração depois cuspiu, no final me abandonou.

Narciso e Goldmund - Hermann Hesse.

depois de uma grande obra o que é que fica? diz pra mim carolzinha, depois que a gente dá a alma por ela o que é que fica________?
EU-VAZIO.

Nunca quis ser um grande pensador. Estou mais para Goldmund, penso com as imagens, não com o grego.

É tudo muito intenso, depois acaba e não deu tempo pra chorar.



[a beleza embreaga como vinho]

- mamãe, se alguém ligar, diga que estou viajando!

Vou lhe chamar Carolina

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Vou lhe chamar carolina, agora você vai ser a minha carolina. Ai carolina, só minha, só minha, só minha. ai_._____

O poder dói, vem derreter minhas mãos. Ai carolzinha, precisei te inventar para te ter só minha. Ai carolzinha, não me vá embora, você é minha, você é minha, você é minha

vida irregular.

Eu quero ser Anna Arjun

"Que nada, minha porção mulher que até então se resguardara, é a porção melhor que trago em mim agora...(8) gil

Natural, azul, claro e água.
dança da terra, meus ouvidos pulsam a paz que o mundo reservou____.
Antes de querer já sou e minha alma pára, nua de tudo.

Agora ouça Belchior, bigodudo safado, gostoso de ouvir_____
aaaaaaaaaah, pureza!

ÁGUA, séra que tem mais belo?
pura e bela, pura e bela, pura e bela, Eu Quero Ser Anna Arjun!

Clarice, lice, eu quero sentir o delicado da vida e presico chorar. (também). Tão difícil alcaçar a nossa profundidade quando se está engolido por gula, quimica do meu corpo que me maltrata.

Tento passar para o papel a agonia de ser um ser sufocado e nenhum passar tranquiliza. Carrego comigo um casaco de pele humana, quase paro de respirar. Caminho com dificuldade, deus onde foi parar meu recomeço? - será talvez no momento em que parei de acreditar em ti - Oh, deus, me desculpe, eu nem posso lhe pedir ajuda, sabe, meu corpo é quente, não tem esperança que me salve. Piedade.

Estou ofegando - como o ar é pesado! - dia amanhecendo, rói o tempo, não vejo nada passar. Estou apaixonada, não posso estar, não estou, não consigo ainda me amar.

Quem vai me aceitar assim-assim, como a alma me foi instalada, assim-assim? quem vai me aceitar de qualquer forma antes deu mesma me permitir - deus, me faça chorar.

Ah, comédia humana, me esqueço da fome, me apurrinha o calor.

Eu quero ser Anna Arjun.
Cadê você em mim meu amor?

I wanna hold you so much.

Saturday, April 22, 2006

amadrugadanãopara.

A madrugada me forma.
a cada gole estremeço
não sei se foi o frio ou a vodca.
a madrugada não para.
não para, quem vai querer.
arranhões na minha cabeça.
desvirgina.
paixão por rescem nascidos.
ai meu amor.
cicatriza esse medo.
nasce comigo.
antes do mundo ser apenas

. subversão.

Wednesday, April 19, 2006

amorzinho,..

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Amorzinho,

a vida anda esmagada e eu com saudade do seu abraço. Tenho as obrigações do mundo mais os rumos que me foram implantados. Sinto-me às vezes um ratinho de laboratório enquanto vão escolhendo e planejando o que vai ser de mim. Eles querem muito, estão sempre pedindo e esperando cada vez mais.

Mas eu sei que você não vai me julgar e me aceitará como for. Mesmo se eu me tornar uma taxista, não escrever nenhum livro, ou até se eu for mesmo uma bebada, dessas baratas de boteco.

Te amo. assim como tenho guardado bem o seu amor.

da sua aprendiz.

Juba Freak.

Tuesday, April 18, 2006

Nariciso e Goldmund

[trecho] -Hermann Hesse

"Pensou que ele, que todos os homens escorria, como a água, modificando-se sempre, até que finalmente se dissolviam, enquanto suas imagens criadas por um artista continuavam imutáveis.

Acho que o medo diante da morte talvez fosse a raiz de todas as artes e talvez de todas as coisas do espírito também. Nós tememos a morte, entristecemos ao ver repetidamente as flores se murcharem, as folhas caírem, e dentro dos nossos corações temos a certeza de que nós também somos transitórios e que em pouco tempo iremos desaparecer. Quando artistas criam quadros e pensadores procuram leis e formulam pensamentos, é com o objetivo de salvar alguma coisa da grande dança da morte, de fazer alguma coisa que dure mais do que nós mesmos."

Monday, April 17, 2006

estréia em: a execução

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depois. depois que a execução fosse feita. depois não haveria problema. não estaria a choramingar nem a temer qualquer coisa. saberia ao fim que para o feito não há solução recorrente. saberia bem e consentiria o castigo e a culpa com facilidade. não teria a preocupação de um dia pior e sofreria assim, sem desvarios. planamente sem ilusões maiores.

mas como tudo vem com peso, o dia anterior a acusava. tolhia-a o pensamento. qualquer liberdade, leveza ou euforia, por menor delas. não lhe permitia a felicidade, nem a tristeza. se entregava numa inconstancia quase cruel. impertinente. pertubadora. alma inquieta por nenhum sentimento. queria aspirar-se dali, chupar o tempo e brotar num momento seguinte. plena e consciente do crime já cometido.

Sunday, April 16, 2006

o perdedor.

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estupidezes e detalhes-zinhos.
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narciso querido.
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são as idades da coisa.
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me deixagora que tem coca aí na geladeira.

Sunday, April 09, 2006

quem nem aneths.

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dormi que nem cocô.

dormi que nem como cocô.

[dormi que nem como] cocô.

dormi que nem não existe, como cocô.

dormi - que nem não tem - comum cocô.

barão de itambi.

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o sol, o vento, as pessoas todas minhas paisagens, eu passando pela vida, ansia fazendo cosquinhas, sendo chupada pela correnteza de ar, amaciada pelo calor. no ouvido, meia música. a outra metadade com o menino berrando - mãe quero mijar! mãe quero mijar! - óculos escuros pra mim. no final da alma, da rua, tem um beijo.

[tarde de sexta] 07/04

Saturday, April 08, 2006

tangerina

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tangerina.
ranja.
linda.
pacto
do seu

romeu.

Tuesday, April 04, 2006

nós 7.

eu queria uma vida assim.

nós três juntinhos num quarto sem fim.

só pra rimar com gim.

na nossa loucura de fazer o teto de chão e rabiscar as coisas na testa.

ouvir bealtes de cabeça pra baixo. se você separar os dois fones de ouvido não escuta tudo. só vem metade do lennon. na outra vem o baixo.

era, eu ela e ele. ele, ela e eu. os 7. nós e os guapos de liverpool.

só pra ficar bebendo um do outro. a gente era assim. pra ficar bebendo.

aiai sanidade madame da minha vida, ela errou o caminho. bateu com a cara na porta. burrinha.

sujinho. gulinha. dietinha. paranoicozinhos todos seremos.

viva a nossa rua vazia. tim-tim pro verde-limão da minha jujuba.

eu me chamava música, ela era os acordes e ele o violão. ai que coisa bonitinha.

(fim pra você. com vírgula)



e isso é pra mim: aneths e titão.

Saturday, April 01, 2006

"au! black or white!"

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Quando eu era criança, chamava a escola inteira para ouvir uma fita que eu tinha do Michael Jackson. Ficava repetindo aquela parte em que ele gritava "AU! Black or White!"...Era demais pra mim... Demais para eu ouvir sozinha. Precisava que alguém compreendesse o que aquilo significava... Em sua maioria as pessoas acabavam rindo. Foi quando eu percebi que o legal era ser engraçada..

Lembro-me de falar algumas palavras erradas e fazer outras perguntas sem sentido, só para me enquadrar. Para ser uma criança idiota, como todas eram.

Se me questionar, nunca quis ser igual a ninguém, mas eu não podia fracassar, nunca pude. Tinha que ser aquilo que eles queriam. Do jeito que eles queriam. Aprendi esse jogo idiota da vida quando comecei a ter vergonha das coisas. Antes, isso absolutamente não fazia sentido pra mim. Eu era o super-homem.

Meu padrasto uma vez bateu na minha mãe, quebrei o dedão dele. Tinha 9 anos, sempre me orgulhei disso. Orgulho idiota. Pensava que a gente podia ser maior do que qualquer coisa. Se eu quisesse pular da janela e voar era só acreditar que não ia cair. De repente, nunca consegui acreditar completamente nisso. Sempre havia alguém para me apontar a altura.

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Eu unca sofri por amor, mas eu sei, a impotência é uma merda. Te deixa louco.

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Passei o dia fazendo problemas de lógica. Vício absurdo. A razão sabe fugir da cabeça quando quer e é nessa hora que eu mais sei falar, certamente calaria.

Jejuns me agradam mais que grandes banquetes. Te deixa a flor da pele e só um pouco não tem graça. Para mim tem que ser extremo.

Você já comeu até estourar e ainda assim comeu mais? Eu sou assim. Vou comendo as coisas que me dão. Um dia desses o mundo samba na minha testa.

Murilo Mendes é genial. Falo para todo mundo que ele é da minha família. Quem sabe...

Nunca consegui acabar de ler O Processe do Kafka, já comecei duas vezes. Acho que na verdade estou é precisando de um policial desses para me turbinar.

O problema das putas é que elas perdem o prazer de dar de graça.