Camelos

``Eu quero me apossar do é da coisa`` Clarice L.

Monday, October 31, 2005

Escorpião (nº- 33094834)

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O escorpião se pisca, pica.

Se pica, pisca.

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[trôpegamente escorpião em jejum]

Corpo verde sem suprimento que resiste a qualquer paladar texturizadamente consistente e PH desequilibrado.

O grito de jejum é para dentro, pela ausência de força e perspectiva. Mas o grito vem. É tosquissimo como um vômito covarde, mas vem, perambulando a cabeça. É algo como "Porra"(!), eu nunca quis ser uma pessoa fora do lugar. Eu nunca quis uma vingança boba despretenciosa de me machucar. Assim como machucou meu cuspe azedo. Eu sei.

Algum desses físicos disse: Ação-e-Reação (blábláblá...). O azedo já me rumina*. Para quê me azedar novamente?

O escorpião se pisca, pica.

Se pica, pisca.
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(*obs: Rumina de vaca mesmo, ruminar, mastigando-me..)
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P.S: Naquela madrugada isto fez completo sentido. E foi sentido, demais. Se não encaixar uma palavra na outra agora, e sei que parece não encaixar, encaixa ao menos minha lembrança de sexta.

Tuesday, October 25, 2005

[ser]

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, disse-me que eu era jovem e ainda havia tempo para passar por isso. Eu não queria pensar no tempo, não queria prender-me, limitar-me a ele como uma bola de neve que se vai acumulando e adiando coisas. Queria já. O tempo era algo que para mim não existia.

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, parecia sempre estar me preparando para algo, indo para qualquer lugar. Não me confortava com a insatisfação dos outros e nem com a minha. Desejava simplesmente ver o que meus olhos viam. Quando amo alguém, amo com toda presença que se tem o corpo e a alma, amo teus beijos quando são beijados e não depois, que se plantaram na mente. Não quero pensar em obter nenhum compromisso, acordar para cumprir qualquer coisa. Não posso cumprir um amor de ontem, se alongando, pré-longando, impedindo que se renove. Quero conciliar a mim apenas o amor de hoje. Não sei compreender teu medo quando cobra-me uma prevenção.

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, por nenhum momento quis fazer um relato depressivo da imagem que eu própria fazia de mim. Por nenhum momento quis ser outra coisa além daquilo que me fazia ser. Não sabia como dizer que várias vezes arranhei o corpo com nojo desta pele que o carregava, e muitas outras tive que fazê-lo sómente para chamar atenção. Não sabia como dizer que várias vezes fui o Rei do Mundo e muitas outras quis sê-lo. Por nenhum momento quis identificar-me como um adolescente comum. Sofria com sua apunhalação. De algum modo sabia como ser alguém especial. Por esta própria necessidade acabava por descobrira minha equivalência. Eu era exatamente como todo mundo.

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Não acredito na beleza das coisas. Não acredito que exista um mar belo se não existem dois olhos diferentes para se comprovar(em). Por muitas vezes acolhi olhos perdidos e além disso precisei que alguém o tivesse sentido.

Friday, October 21, 2005

Reflexolizando

Lápiseiras são suáves e adoçam a minha falta de educação.

Interpretação:

Quando não quero dizer nada é justamente quando digo e se enfatiza a falta de sentido no pensamento-base. Faço a quem o tenta captar, a captar um outro pensamento-inventado. Logo digo repetidamente tudo o que não tem significância para sua origem. Logo² me questiono e me inquieto pela falta de sentimento/intenção no que se deixa escrito.

.....Mas deixe essa inquietação de lado:

Aprendo a ver o contorno das linhas como o contorno das linhas e a sua profundidade como a minha profundidade.

Destampe

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...Matemática às vezes deveria parar de existir, 1 + 1 não é 1 e nem existe dialética corporal. Há sempre algum "destampe" que separa.

Wednesday, October 19, 2005

Move Over

E nessas noites de ânsia aflita
não paro de lembrar daquelas em que
resmunguei a febre de teu corpo
e te fiz gozar sobre meus dedos.

Wednesday, October 12, 2005

Entre o inseto e o suicida

e o cida

do suicida

me lembrou

o inceticida

desses insetos que não param de zumbir

Sunday, October 09, 2005

Domingo

Quis lembrar-me de outra época que os dias não faziam tanto efeito assim.

Percebi que hoje era Domingo.

Saturday, October 08, 2005

Avesso

O ar me inflamava.
Me suava.
Me esmagava de sol.
Me latejava o sangue nas têmporas.

e sussurrava que eu não tinha vocação para tal.

Extima-se e acaba por consumir-se pelo avesso.

Wednesday, October 05, 2005

Aleivosia do ato

A reação de olhar os dedos inchados e marcados pela falta de cuidado.

Olha.
Se estremece de desamor, preguiça e remorsos.
Logo quer arranhar-se por todo e rasgar essa pele que o cobre de calor.

Aleivosio meu ato.

Pérfilamente, digo.